Brasileiro lidera pesquisa que descobriu objeto que pode ser um novo planeta no Sistema Solar

A existência de um novo planeta no Sistema Solar distante é uma possibilidade levantada em estudo recente de egresso da Unisinos. Patryk Sofia Lykawka é formado em Física e Matemática pela Universidade e recentemente divulgou a pesquisa no The Astronomical Journal (AJ), uma publicação científica para pesquisas astronômicas originais, com ênfase em resultados científicos significativos derivados de observações.

Patrick reside há mais de 20 anos no Japão e é professor na Universidade Kindai, em Osaka, onde realizou os estudos. Ele analisou as órbitas de diferentes populações de objetos transnetunianos (TNOs) em uma região longínqua do Cinturão de Kuiper, além de 50 unidades astronômicas (ua), que revelou propriedades intrigantes: uma população proeminente de objetos transnetunianos distantes com órbitas além da influência gravitacional de Netuno (com periélios acima de 40ua), uma população significativa de objetos transnetunianos com inclinação orbital acima de 45 graus, e objetos transnetunianos extremos com órbitas muito peculiares.

Com os resultados, ele realizou os primeiros testes. “Baseados em extensas simulações do sistema solar externo, incluindo um hipotético planeta com massas semelhantes ao da Terra (testei também várias órbitas para o planeta), obtive resultados que poderiam explicar as propriedades orbitais das populações do Cinturão de Kuiper distante. Isso sugere um papel vital desempenhado pelo planeta na formação do Cinturão de Kuiper”, explica Patryk.

Possível órbita de um planeta hipotético de existir nos confins do sistema solar. Crédito: Patryk Sofia Lykawka

O pesquisador também confirmou com simulações adicionais que o sistema solar externo, atualmente conhecido por conter apenas os quatro planetas gigantes (Júpiter, Saturno, Urano e Netuno), não foi capaz de explicar essas propriedades. “Dessa forma, este estudo prevê a existência de um planeta com massa de aproximadamente 1,5 a 3 Terras no sistema solar externo distante, situado além de 200 unidades astronômicas. Há três órbitas possíveis para o planeta, de aproximadas: 200 a 300 unidades astronômicas, 200 a 500 unidades astronômicas e 200 a 800 unidades astronômicas, mas os melhores resultados favorecem as duas últimas órbitas”, conta.

Para a sequência da pesquisa, Patryk pretende realizar novas simulações para aprimorar os resultados. “Assim, a massa e a órbita do planeta hipotético poderiam ser ainda mais refinadas. Além disso, gostaria de tentar descobrir o planeta e as novas populações de objetos transnetunianos previstas por meio de colaboração em programas de observações”, frisa.

Importância mundial

O estudo de Patryk gera um impacto na comunidade científica. Entre as implicações da possível descoberta do hipotético planeta, ele cita alguns pontos importantes: “Primeiro, o sistema solar oficialmente teria nove planetas novamente. Além disso, assim como ocorreu em 2006 com a reclassificação de Plutão, precisaríamos aprimorar a definição de ‘planeta’, já que um planeta massivo localizado muito além de Netuno provavelmente pertenceria a uma nova classe. Por fim, nossas teorias do sistema solar e da formação de planetas também precisariam ser revistas”, exemplifica.

O pesquisador também menciona que tal descoberta impactaria a exploração espacial do sistema solar. “A NASA e possivelmente outras agências espaciais planejariam futuras missões para explorar esse planeta e o Cinturão de Kuiper como um todo. A descoberta também poderia impulsionar a discussão e a busca por vida extraterrestre em nosso sistema solar”, conclui.

Outras descobertas

Segundo Patryk, é possível que existam ainda outros planetas a serem descobertos no Sistema Solar, “desde que eles tenham órbitas distantes o suficiente para escapar da detecção, ou sejam pequenos demais para serem observados”.

As simulações preveem a existência de vários outros objetos na região do Cinturão de Kuiper Distante, com órbitas bastante peculiares. “Essa é uma outra previsão que pode motivar novas pesquisas e observações. Isso vai nos dar muito mais ideias sobre como nosso sistema e a Terra se formaram”.

Para o pesquisador, a dificuldade de descobrir novos planetas no Sistema Solar está relacionada a fatores fundamentais, como órbitas muito extensas e a distância desses objetos, o que os torna menos brilhantes. Outro dado que também dificulta a detecção é a inclinação orbital, em especial quando há peculiaridades, como é o caso do planeta ainda hipotético.

Próximos passos

Patryk falou sobre os novos desafios que surgirão após a publicação de seu estudo na revista científica Astronomical Journal.

“Pretendo, a partir de agora, fazer novas simulações no computador para aprimorar a pesquisa e refinar os resultados dela, e para tentar prever com mais exatidão a massa e a órbita do planeta”, disse. “É também importante investigar como esse planeta adquiriu uma órbita assim, distante, alongada e inclinada”, acrescentou.

Edição do texto: Notícia dos Vales

Fonte: Agência Brasil


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