O que esperar da ciência em 2024? 

Em 2024, a comunidade científica em diferentes áreas está preparada para avanços e anúncios de descobertas que podem ampliar a compreensão humana do mundo e a forma como se interage com a tecnologia. São esperados avanços em computação, inteligência artificial, física, biotecnologia e astronomia. Confira neste post algumas das expectativas para o ano de 2024 na ciência. 

Avanços em IA e busca por regulação 

Inteligência Artificial (IA) promete ser um dos temas em ebulição em 2024, com avanços em possibilidades e o aumento da pressão por regulamentação. A OpenAI, responsável pelo chatbot ChatGPT, prepara o lançamento do GPT-5, sucessor ainda mais sofisticado, para o final do ano. Não fica atrás o Gemini, do Google, capaz de processar texto, código, imagens e até áudio e vídeo. Ao mesmo tempo, a IA DeepMind do Google aprimora sua ferramenta AlphaFold, capaz de prever com precisão a estrutura 3D de proteínas, abrindo um novo horizonte para o desenvolvimento de fármacos. 

Imagem por Pexels 

A ONU apresentará diretrizes globais para IA por volta da metade do, enquanto governos ao redor do mundo procuram desenvolver suas próprias regulamentações.

Nos EUA, por exemplo, o governo Biden anunciou normas para o desenvolvimento responsável, e o Congresso se dedica a mais de 150 projetos de lei para garantir que a IA seja uma força em favor da humanidade. Chatbots inteligentes, previsão molecular, batalhas regulatórias – 2024 promete ser um ano decisivo para a IA.

Investigando o espaço 

O Observatório Vera Rubin, no Chile, iniciará parte de suas operações ainda em 2024, antes de começar o mapeamento previsto para dez anos de todo o céu do hemisfério sul. Com um telescópio de 8,4 metros e uma câmera de 3.200 megapixels, cientistas esperam descobrir novos fenômenos transientes e asteroides próximos à Terra.

Foto crepuscular do Observatório Rubin tirada em abril de 2021. Crédito: Rubin Obs./NSF/AURA

Também no Chile, o Observatório Simons, no Deserto do Atacama, será finalizado em meados de 2024. O instrumento buscará assinaturas de ondas gravitacionais primordiais – o rescaldo do Big Bang – no fundo cósmico de microondas. Seus telescópios terão até 50.000 detectores coletores de luz, 10 vezes mais que projetos similares em andamento.

Apesar da animação com os novos observatórios, astrônomos demonstram preocupação com a crescente poluição luminosa do céu noturno, causada por constelações de satélites cada vez mais numerosas, o que poderia inviabilizar os dados coletados pelos telescópios terrestres.

Biotecnologia e mosquitos 

Foto por Reprodução/World Mosquito Program

Uma inovação no combate à dengue e zika chega ao Brasil em 2024: a produção de mosquitos “imunes” em larga escala. O Instituto Mundial do Mosquito (World Mosquito Program – WMP) construirá a maior fábrica do mundo para esses mosquitos, com capacidade de produzir até 5 bilhões por ano na próxima década.

Esses mosquitos carregam a bactéria Wolbachia, que os impede de transmitir os vírus da dengue e zika. Ao se reproduzirem com mosquitos selvagens, a bactéria se espalha, reduzindo a população transmissora.

Estudos já comprovam a eficácia do método. Na Indonésia, houve queda nos casos de dengue e hospitalizações. Na Colômbia, o maior experimento realizado até agora, a incidência da doença diminuiu 95%.

Com resultados positivos e a nova fábrica no Brasil, o WMP espera uma expansão global. A Organização Mundial da Saúde (OMS) deve publicar diretrizes para o uso da tecnologia, o que pode levar mais países a adotarem o método.

Vacinas e Covid-19 Longa 

Novas gerações de vacinas – À medida que a crise da Covid-19 se atenua, o governo dos Estados Unidos busca se preparar para o futuro com três ensaios clínicos de vacinas. Duas opções intranasais se concentram em bloquear a infecção na fonte, enquanto uma terceira vacina de mRNA visa uma imunidade mais ampla e duradoura contra variantes do vírus.

Tratado global sobre pandemias – Em maio, a Organização Mundial da Saúde apresentará o rascunho final de um tratado internacional sobre pandemias. O acordo visa equipar as nações para surtos futuros, com foco no acesso equitativo a ferramentas como vacinas, dados e expertise. Se alguma das disposições será juridicamente vinculativa permanece um ponto de negociação-chave.

Avanços no entendimento da Covid-19 Longa – Milhões de pessoas ainda sofrem dos sintomas da Covid Longa. Este ano, a esperança chega na forma dos primeiros ensaios clínicos para tratamentos potenciais. Alguns visam o próprio vírus, enquanto outros visam regular o sistema imunológico hiperativo ou recalibrar o sistema nervoso das pessoas acometidas pelos sintomas. Mesmo que os resultados iniciais não sejam uma cura, cientistas esperam que lancem luz sobre a biologia da Covid-19 Longa, abrindo caminho para descobertas futuras.

Missões espaciais

A Lua chama novamente – Depois de um hiato de meio século, as missões tripuladas à Lua estão de volta. A Artemis II, da Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço (NASA), com lançamento previsto para novembro de 2024, enviará quatro astronautas, incluindo a primeira mulher na Lua, em um sobrevoo de 10 dias ao redor do satélite natural da Terra. 

Isso abre caminho para a Artemis III, programada para o final da década de 2020, que verá uma primeira mulher e o próximo homem pisar na superfície lunar. A China também tem ambições lunares. Sua missão Chang’e-6, prevista para 2024, visa ser a primeira a coletar amostras do lado oculto da Lua. 

Avançando ainda mais no Sistema Solar – A missão Clipper da NASA, lançada em outubro de 2024, será destinada à lua de Júpiter chamada Europa, que abriga um oceano interno, a partir de onde Clipper investigará um provável potencial de sustentar a vida.

Enquanto isso, a missão Martian Moons eXploration (MMX) do Japão, também programada para 2024, seguirá para as luas de Marte, Phobos e Deimos. A MMX pousará em Phobos, coletará amostras da superfície e as devolverá à Terra em 2029. O estudo dessas luas marcianas pode lançar luz sobre a formação e a evolução de sistemas planetários.

Engenheiros trabalham na espaçonave Clipper da NASA, que partirá para a lua de Júpiter, Europa – Foto por NASA/JPL-Caltech/Johns Hopkins, APL/Ed Whitman

Matéria escura

Busca por partículas – A natureza evasiva da matéria escura, o misterioso componente invisível do universo, pode finalmente ver alguma luz em 2024. O experimento BabyIAXO no Síncrotron de Elétrons Alemão (DESY, na sigla em inglês) é voltado para a detecção de um tipo específico de partícula de matéria escura chamada áxion. Os áxions são teorizados na Física para serem emitidos pelo Sol e se transformarem em partículas de luz. 

O BabyIAXO está sendo idealizado com ferramentas potentes para detectar os áxions, como um telescópio magnético de 10 metros de comprimento abrigando detectores de raios-X ultra-sensíveis. Essa configuração monitora continuamente o núcleo do Sol, procurando a assinatura da conversão axion para fóton.

Massa dos neutrinos – Outra peça importante do quebra-cabeça no cenário da Física de Partículas, a massa do neutrino, pode ser definitivamente fixada em 2024. Essas partículas subatômicas notoriamente complexas já sugeriram ter massa em experimentos anteriores. O Experimento de Neutrinos de Trítio de Karlsruhe (KATRIN, na sigla em inglês), na Alemanha, em 2022, estabeleceu limite superior de 0,8 elétron-volt na massa dos neutrinos. Com a coleta de dados programada para terminar em 2024, os cientistas do KATRIN podem entregar uma medição decisiva. 

Supercomputadores

Em 2024, o mundo verá a chegada dos supercomputadores exaescala, que são capazes de realizar um quintilhão de cálculos por segundo. Esses supercomputadores são mais poderosos em processamento do que qualquer outro computador existente e serão usados para abordar alguns dos desafios mais urgentes da humanidade, como a compreensão do cérebro humano, as mudanças climáticas e as armas nucleares. O primeiro supercomputador exaescala da Europa, o Júpiter, será ligado no início de 2024. Nos Estados Unidos, o Aurora e o El Capitan, dois supercomputadores exaescala, também serão lançados em 2024.

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Edição: Notícia dos Vales