Prédio mais antigo da UFRGS será restaurado

Focalizada na Estação Experimental Agronômica (EEA-UFRGS) no município de Eldorado do Sul, a aproximadamente 50 Km de Porto Alegre, a Capela de São Pedro, carinhosamente chamada de Capelinha pela comunidade local e universitária, foi adquirida pela UFRGS em 1960 quando da compra da Fazenda Evangelina. Uma das condições da família de proprietários à época para fechar o negócio foi que a Universidade preservasse o uso e as condições do pequeno templo. E assim está sendo feito…

A fiscal da obra, a arquiteta do Setor de Patrimônio Histórico (SPH), vinculado à Superintendência de Infraestrutura (Suinfra) da UFRGS, Camila Zanini, conta que os trabalhos de restauração estão andando bem, “já foram removidos os pisos, forros e rebocos danificados. As peças de ladrilho hidráulico que não se quebraram na remoção serão recolocadas, junto a peças novas que serão fabricadas especialmente para esta obra, de acordo com as originais. As portas e janelas de madeira foram removidas para serem restauradas e reinstaladas”.

Além do foco principal, de recuperar os materiais conforme eram originalmente, o projeto prevê a acessibilidade ao prédio com a colocação de uma rampa e a correção de desníveis no piso. “Para vencer os degraus sem prejudicar a vista da fachada, foi proposta a instalação de uma rampa de aço que liga o adro à porta da sacristia”, expõe o responsável pelo projeto, Igara Paquola, arquiteto da UFRGS.

Outra modificação importante, apesar da nave principal continuar sendo utilizada para os cultos religiosos, será a produção de um memorial junto à sacristia para exposição da história da Capelinha e da EEA-UFRGS. Durante as demolições deste início de obra, algumas curiosidades construtivas surgiram: “Não sabíamos, mas os tijolos foram assentados com barro, e os rebocos são feitos de uma mistura de terra, barro, areia e cal, o que não encontramos em outros prédios históricos da UFRGS”, destaca Zanini.

Para o engenheiro João Julio Klusener, vice-superintendente da Suinfra, “a obra de restauração da Capela de São Pedro, assim como qualquer obra que envolva a recuperação do patrimônio histórico edificado da UFRGS, possui relevância ímpar no contexto das atividades desenvolvidas pela Suinfra. Ele ainda destaca as singularidades deste tipo de intervenção nos prédios históricos sob a perspectiva técnica, mas também de compromisso com a comunidade: “A recuperação da Capelinha possibilita não só o resgate da história desse espaço, mas também a representação do engajamento da sociedade na preservação do patrimônio histórico da UFRGS, uma vez que a maior parte do valor empenhado adveio de recursos de doações decorrentes de campanhas de captação”.

Ao longo do tempo, o projeto passou por diversas revisões orçamentárias e fechou com um custo total de quase R$ 455 mil. O valor necessário para a obra de restauração da edificação foi angariado majoritariamente por meio de doação de pessoas físicas através da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Lei Rouanet) dentro do Projeto Resgate do Patrimônio Histórico e Cultural da UFRGS, coordenado pelo SPH/Suinfra.

A Capela de São Pedro é reconhecida como patrimônio histórico e cultural pelo município de Eldorado do Sul e também em âmbito estadual. Além de ser o prédio mais antigo da UFRGS, também é o menor prédio histórico da Universidade com um tamanho total de 59 m².

A obra está sendo executada pela empresa Home Engenharia, vencedora do processo licitatório.

Breve histórico

A Capela de São Pedro é um pequeno templo religioso incorporado ao patrimônio da Universidade em 1960, quando da aquisição da fazenda onde ela está localizada, no município de Eldorado do Sul (na época, a área pertencia à cidade de Guaíba). A propriedade foi adquirida para a implantação da Estação Experimental Agronômica, um órgão auxiliar da Faculdade de Agronomia que funciona como campo para pesquisas envolvendo cultivo de plantas, criações de animais e conservação de recursos naturais, entre outras. A Fazenda Evangelina, uma área de 1.550 hectares, pertencia ao casal formado por Ruy Porto da Silva Jardim e sua esposa, Daisy Knesse da Silva Jardim. Ruy havia herdado a propriedade de seus pais, Mario Silva Jardim e Maria Evangelina Ferreira Porto.

Segundo depoimentos, a capela funcionava como palco de eventos e cerimônias religiosas não apenas destinadas à família Porto Jardim, mas a moradores próximos.

A tipologia arquitetônica da Capelinha, como é chamada pela comunidade, é típica das capelas rurais da mesma época no Brasil. O templo é formado por uma nave única, num volume principal, associada a um volume lateral mais baixo na composição e que corresponde à sacristia.

A edificação apresenta simplicidade arquitetônica, sem rebuscamentos decorativos. Destaca-se o conjunto de vitrais coloridos em mosaico sobre a porta principal e nos óculos. O frontão triangular que faz o acabamento superior contém uma cruz em trevo no topo, cujos círculos interseccionados representam a Santíssima Trindade Católica, além de pináculos nas extremidades laterais da fachada.

Mesmo depois da aquisição da fazenda pela UFRGS, a edificação foi mantida com seu uso original, sendo utilizada como templo religioso pela comunidade universitária e, inclusive, para cerimônias, como casamentos de funcionários da UFRGS, tamanha a relação de afeto e identificação com o local.

Edição do texto: Notícia dos Vales


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