Pressão nas redes sociais: Chile exige devolução de Moai de Museu Britânico

Uma onda de pressão está se acumulando sobre o Museu Britânico, do Reino Unido, com usuários das redes sociais no Chile exigindo a devolução de um monumento de pedra retirado da Ilha de Páscoa há mais de um século.

Hoa Hakananai’a na Galeria Wellcome no Museu Britânico – Foto por James Miles/Reprodução/Wikimedia Commons

O monumento em questão é o Hoa Hakananai’a, uma das estátuas moai que foram saqueadas da Ilha de Páscoa, território chileno de Rapa Nui, em 1868. Juntamente com outro moai menor conhecido como Hava, o Hoa Hakananai’a foi presenteado à Rainha Vitória em 1869 pelo capitão do HMS Topaze, comodoro Richard Powell. Posteriormente, as estátuas foram doadas ao Museu Britânico.

A campanha online ganhou força quando o influenciador chileno Mike Milfort convocou seus seguidores a inundar as postagens do Museu Britânico no Instagram com comentários exigindo a devolução do moai. Milfort, conhecido por seus vídeos virais sobre os moai, reacendeu o debate sobre a repatriação.

O presidente do Chile, Gabriel Boric, expressou apoio ao movimento durante uma recente entrevista de rádio, solidificando o sentimento nacional em relação à questão.

Em resposta às crescentes demandas, o Museu Britânico desativou os comentários em uma de suas postagens, compartilhada em colaboração com uma instituição de caridade para jovens. Um porta-voz do museu destacou a importância do debate equilibrado, afirmando que o museu valoriza as relações com a comunidade de Rapa Nui e recebeu várias visitas de representantes locais em Londres desde 2018.

Este movimento ecoa pedidos semelhantes em todo o mundo, como o recente apelo do primeiro-ministro da Grécia pela devolução dos Mármores de Elgin, destacando o contínuo debate sobre o retorno de artefatos culturais aos seus países de origem. O mesmo aconteceu em 2023 no Brasil, com a campanha #UbirajaraBelongsToBR, que teve êxito em trazer ao Brasil um fóssil que havia sido levado à Alemanha ilegalmente.

Esses movimentos fazem parte de uma articulação, em efervescência no mundo: é o decolonialismo. O decolonialismo é um movimento amplo que busca desconstruir as estruturas de poder e as formas de pensar que foram impostas pelos países colonizadores aos povos colonizados. Vai além da descolonização política, que se refere à conquista da independência formal pelos países colonizados. O decolonialismo busca questionar e transformar as relações de poder que persistem após a descolonização, como o racismo, o sexismo, a colonialidade do saber e a exploração econômica e cultural.