Presidente do CNPq critica movimento pela equidade de gênero na ciência

Em um evento na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) no dia 30 de janeiro, o presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o físico Ricardo Galvão, fez declarações controversas criticando o movimento de equidade de gênero na ciência brasileira. 

Foto por Herivelto Batista / ASCOM-MCTIC via Flickr – CC

Galvão, que ganhou notoriedade ao confrontar o governo Bolsonaro sobre dados de desmatamento quando chefiava o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), agora no comando do principal órgão federal de fomento à pesquisa, surpreendeu ao questionar a necessidade de medidas específicas para apoiar mulheres cientistas.

Durante sua fala, Galvão mencionou o movimento Parent in Science, dedicado a combater as desigualdades de gênero na área científica, e afirmou que a iniciativa “atrapalha muito” ao propor a implementação de medidas específicas para apoiar mulheres na ciência. Além disso, ele declarou que as pesquisadoras “que são produtivas” não desejam um tratamento “paternalista”.

Reações 

As declarações do presidente do CNPq geraram reações diversas, levantando debates sobre a necessidade de ações afirmativas para promover a igualdade de gênero na ciência. O vídeo contendo a fala de Galvão estava inicialmente disponível na internet, mas foi retirado do ar, gerando especulações sobre os motivos por trás da remoção. O presidente do CNPq chegou a emitir uma nota de esclarecimento na sexta-feira, 2. 

A comunidade científica nacional tem levantado um movimento que pede pela presença feminina à frente do CNPQ que, em 70 anos de história, teve 25 homens como presidentes e nenhuma mulher. 

Ricardo Galvão – Foto por Wesley Sousa (ASCOM/MCTI) 

Diversas entidades, como a Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social (ABEPSS), Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior e a própria entidade Parent in Science emitiram notas em repúdio às declarações de Galvão.

Neste sábado, 3, uma campanha virtual no X (antigo Twitter) mobilizada por diferentes grupos tem trazido o olhar da opinião pública para a questão por meio do uso de # como #MulheresNoCNPq #NovaPresidênciaCNPq #MulheresNaPresidência #MãesNaCiência #MulheresNaCiência

Imagem compara presença de homens e mulheres em entidades representativas para a ciência e a pós-graduação nacionais – Imagem por Reprodução/Twitter

Parent in Science

Criado em 2016, o movimento Parent in Science tem mostrado com dados que a parentalidade impacta a carreira, especialmente de mulheres. A falta de políticas públicas que apoiem as mães tanto na academia como fora dela é um dos maiores empecilhos à carreira das mulheres. Para o movimento, é necessário garantir creches, salas de acolhimento e amamentação, e divisão igualitária nos cuidados com crianças e idosos e das tarefas domésticas. Além disso, é fundamental combater a discriminação e o preconceito contra mães nos ambientes acadêmicos.

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Edição: Notícia dos Vales