Plantas nativas e espécies invasoras serão identificadas a partir de guias

A transferência de conhecimento científico às comunidades de seu entorno é uma das grandes oportunidades de atuação de Instituições de Ensino e Pesquisa. Na Universidade do Vale do Taquari – Univates, uma iniciativa busca estender – e, assim, ampliar a capilarização do saber produzido por meio da pesquisa e da ciência – para agricultores e produtores rurais.

A cartilha “Guia de identificação de plantas: espécies nativas de mata ciliar e exóticas invasoras”, desenvolvida pela equipe do Laboratório de Botânica, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia (PPGBiotec) e ao Parque Científico e Tecnológico da Universidade do Vale do Taquari – Tecnovates, é uma estratégia educacional que visa simplificar e comunicar informações técnicas de forma acessível e prática para produtores rurais, técnicos da área ambiental e prefeituras municipais. O material será entregue à comunidade em formato digital em breve. 

Colocasia esculenta (L.) Schott, o taro, uma espécie invasora – Foto por Wildfeuer – Wikimedia Commons

“Não queremos que este trabalho se restrinja às áreas nas quais vamos atuar, mas que toda a comunidade possa aproveitar esse conhecimento nas suas propriedades. Da mesma forma queremos que outros profissionais e equipes das prefeituras regionais possam incentivar os proprietários de lotes a ampliar o que estamos propondo”, finaliza Elisete. 

Produzido por especialistas e pesquisadores e levando em consideração a realidade local, o documento consolida informações atualizadas e contextualizadas para identificação de plantas nativas e exóticas invasoras. Na cartilha são apresentadas imagens das espécies para auxiliar na identificação com nome científico, família, nome popular, ambientes suscetíveis à invasão, meios de dispersão, impactos e medidas preventivas. E, no caso das espécies nativas, a cartilha inclui o modo de produção de mudas.

O objetivo do documento é socializar o conhecimento científico, oriundo de atividades de pesquisa realizadas na Universidade, sobre espécies e técnicas necessárias para a adequada proteção das margens de rios e arroios da região do Vale do Taquari, como é o caso do rio Taquari.

Elisete Maria de Freitas – Foto por Lucas George Wendt/Univates 

“De nada serve desenvolver conhecimento e não divulgar para que tenha aplicação regional”

Segundo a coordenadora da iniciativa, professora Elisete Maria de Freitas, “a elaboração do documento já estava prevista quando apresentamos o projeto, com o intuito de auxiliar na identificação das espécies que devem ser usadas na restauração das áreas degradadas em margens de rios na nossa região”. 

Segundo a docente, a correta identificação das espécies é essencial para o sucesso nos projetos de recuperação destas áreas quando degradadas, pois nem todas as plantas sobrevivem à presença constante de água ou às inundações e enchentes. “Ou seja, existem espécies que não são eficientes na contenção dos processos erosivos nas margens de rios. Então, o guia serve para que as pessoas (proprietários de terras e técnicos das áreas ambientais) tenham como se orientar na escolha das espécies. Além disso, deve orientar a coleta de sementes por parte de viveiristas, já que é rara a existência de mudas de espécies nativas de beira de rios e arroios”, detalha ela. 

“Além disso, outra motivação para a elaboração do guia é a necessidade de controlar a presença de espécies exóticas invasoras, já que são muito prejudiciais aos ecossistemas. Nesse sentido, o guia apresenta as espécies invasoras mais comuns para facilitar a sua identificação e, assim, evitar que estas sejam utilizadas erroneamente em plantios e orientar para que sejam removidas quando presentes nas áreas, pois impedem o desenvolvimento das plantas nativas”, explica. “Enfim, elaborar o guia visa promover a aplicação do conhecimento desenvolvido. De nada serve desenvolver conhecimento e não divulgar para que tenha aplicação regional”. 

Para entender 

A preservação da cobertura nativa de árvores ao longo dos rios na bacia hidrográfica do rio Taquari-Antas está em apenas 27%, representada por estreitas faixas, as quais são insuficientes para proteger as margens. Isso acarreta problemas tanto ambientais quanto econômicos, já que essas formações vegetais desempenham um papel fundamental como provedoras de serviços ambientais. Esses serviços abrangem desde a contenção de processos erosivos, a atuação como filtros naturais para impedir a entrada de substâncias indesejadas nos cursos d’água até o fornecimento de alimentos e refúgio para os animais.

Os produtores rurais têm um papel nesse sentido. Em paralelo aos movimentos de pesquisa que a Universidade propõe, existe a Lei de Proteção da Vegetação Nativa (nº 12.651), de 2012, que exige que os proprietários restaurem áreas de cobertura vegetal de suas propriedades. “O projeto também vai envolver produtores rurais. Dessa forma, precisamos pensar em métodos de restauração que não sejam caros, já que, no longo prazo, os produtores terão que comprar mudas e manejá-las em suas propriedades”, esclarece a pesquisadora. 

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Edição: Notícia dos Vales