2023, recorde de calor em 77 países: saiba o que esperar para 2024

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A Berkeley Earth, uma organização independente de pesquisa em ciências climáticas, divulgou hoje, 12 de janeiro, seu relatório anual de temperatura global para 2023, declarando que 2023 foi o ano mais quente já registrado, superando o recorde anterior estabelecido em 2016. Outro balanço divulgado hoje, dessa vez pela Administração Nacional de Oceanos e Atmosfera dos Estados Unidos (NOAA), também classificou 2023 como o ano mais quente em seu registro global de temperatura, que remonta a 1850. Além da Berkeley e da NOAA, a Agência Espacial Norte-Americana (Nasa) e Organização Meteorológica Internacional também divulgaram relatórios na data de hoje apontando na mesma direção.

2023 também foi o primeiro ano no conjunto de dados do Berkeley Earth a ultrapassar o limiar de aquecimento de 1,5°C estabelecido como meta no Acordo de Paris. O ano foi descrito como “altamente incomum em vários aspectos”, incluindo aquecimento recorde na maioria das bacias oceânicas e um grande desvio da tendência histórica.

O aquecimento em 2023 superou as expectativas e foi mais intenso do que o normal para uma fase inicial de um El Niño. Alguns estudos argumentaram recentemente que o ritmo do aquecimento global pode estar acelerando, no entanto, devido à variabilidade histórica nas temperaturas de superfície, ainda é cedo demais para concluir se a taxa de aquecimento da superfície aumentou ou não.

Mapa do calor no mundo em 2023 – Imagem por Berkeley Earth/Reprodução Metsul 

Durante 2023, 17% da superfície da Terra teve uma média anual localmente recorde de temperatura. Essas áreas coincidiram com vários centros populacionais importantes. A Berkeley Earth estima que 2,3 bilhões de pessoas – 29% da população da Terra – experimentaram uma média anual localmente recorde de calor em 2022. Isso inclui metade da população da China, e a maioria das populações de Bangladesh, Japão, México, bem como grande parte da América do Sul e Central.

Não houve uma área sequer na Terra que tenha registrado em 2023 um ano excepcionalmente frio. Os últimos nove anos foram os nove mais quentes registrados da Terra.

O calor extraordinário de 2023 foi impulsionado pela variação natural sobre o aquecimento de longo prazo causado pelas emissões de gases de efeito estufa feitas pelo homem. Um evento de El Niño forte e anomalias de temperatura recordes no Atlântico Norte foram determinantes para o aquecimento significativo, especialmente na segunda metade de 2023.

“2023 é definitivamente um grande desvio do normal, mas ainda resta saber se 2023 é apenas um valor atípico incomum ou se é um indicativo de mudanças inesperadas pela frente”, disse o Cientista Chefe do Berkeley Earth, Robert Rohde.

Recordes 

Embora o foco do trabalho de Berkeley seja a análise do clima global e regional, também foi possível usar os dados para estimar as tendências de temperatura nacional. Na estimativa do Berkeley Earth, 2023 teve a média anual mais quente desde o início dos registros instrumentais em 77 países. 

São eles: Afeganistão, Albânia, Antígua e Barbuda, Argentina, Áustria, Azerbaijão, Bangladesh, Butão, Bolívia, Bósnia e Herzegovina, Brasil, Bulgária, Cabo Verde, Camarões, China, Comores, Costa Rica, Croácia, Cuba, República Tcheca, Dominica, República Dominicana, Equador, El Salvador, Estados Federados da Micronésia, Gâmbia, Alemanha, Grécia, Granada, Guatemala, Guiné, Guiana, Haiti, Honduras, Hungria, Irlanda, Costa do Marfim, Jamaica, Japão, Cazaquistão, Kiribati, Kosovo, Quirguistão, Liechtenstein, Macedônia, México, Moldávia, Montenegro, Marrocos, Mianmar, Países Baixos, Nicarágua, Nigéria, Coreia do Norte, Omã, Panamá, Paraguai, Peru, República do Congo, Romênia, São Cristóvão e Nevis, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, San Marino, Senegal, Sérvia, Eslováquia, Eslovênia, Coreia do Sul, Tajiquistão, Bahamas, Trinidad e Tobago, Turcomenistão, Ucrânia, Uzbequistão, Venezuela e Iêmen.

Países que registraram recordes de temperatura em 2023 – Imagem por Berkeley Earth/Reprodução Metsul 

E 2024?

Com base na variabilidade histórica e nas condições atuais, a Berkeley diz ser possível estimar aproximadamente qual pode ser a temperatura média global esperada em 2024. A estimativa atual é que 2024 provavelmente será semelhante a 2023 ou ligeiramente mais quente. Com as condições contínuas de El Niño e o atraso típico entre o pico do El Niño e a resposta global de temperatura, é provável que 2024 permaneça relativamente quente. No entanto, com uma mudança para La Niña no final de 2024, é possível que o fenômeno contribua para mitigar as temperaturas. De acordo com a NOAA, há uma chance de uma em três de que 2024 seja mais quente que 2023 e uma probabilidade de 99% de que 2024 esteja entre os cinco anos mais quentes.

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Edição: Notícia dos Vales